Minha mais tola metáfora

Um pomposo colar de esmeraldas

 lhe abraçava o pescoço displicente.

Nenhum olhar ficava indiferente 

ao brilho de tais contas peroladas.

 

A bela dama, ar de inocente, 

olhar errante (súdito do riso) 

dava sinais fugazes, imprecisos...

qual fosse o sibilar duma serpente.

 

O colo insinuante era um aviso. 

Um convite silente e indiscreto. 

Aquele olhar que fez ficar ereto 

o pomo de Adão no paraíso.

 

E eu, o novo Adão de hoje em dia, 

a cobiçar maçãs de silicone, 

peguei, discretamente, o telefone 

como que examinasse a bateria.

 

Então ela se foi pra junto ao mar, 

pôs o belo colar por sobre a areia

e tão inquieta, quanto a maré cheia, 

despiu-se sob a benção do luar.

 

E eu, um Don Juan de lua cheia, 

a cobiçar quadril lipoaspirado,

Grasni alguns acordes de pecado 

pra confundir o canto sereia.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 02/10/2015
Reeditado em 28/09/2022
Código do texto: T5402561
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