O Bobo e o Rei
Jovem saltimbanco,
era o bobo da corte
divertia o rei soberano
por quase todas as noites.
tal qual um cavalo manco,
caminhava meio torpe
e tinha o amarelo sorriso
com o rosto cheio de tinta
como fosse urgente preciso,
tentava abrandar o açoite
a angústia não dar na pinta
deu mais um gole na pinga.
Bebendo aquela cachaça
o rei que a ele fitava
tramava a sua desgraça
pois este já especulava
quando este baixou seu olhar,
causando tremendo espanto
o bobo sem pestanejar
tomou-lhe a coroa no entanto;
mas que triste desalinho
feito noutra trajetória
ela era feita de espinho
dividiu ao meio a história
traição por um punhado de ouro
com um gesto de carinho.
Por outros e entre tantos,
rogada por outros cantos
em pleno o salão do oráculo
no meio do espetáculo
não teve coroa de louros
do auto do saltimbanco
que divertia o monarca
ondes as suas mangas rotas
do velho fraque branco
e forrado de lã de alpaca
expeliam-se muitas cartas
cartas de amor e de sorte
aos nobres da mesa farta.
lhes previam a fortuna e a morte
para atrair atenção
Era a última chance
do palhaço saltimbanco
Se livrar do tabernáculo
ou das garras do leão
E do generoso ato
obter do intolerante
A graça do indulto
e que lhe pouparia o pranto.
Com um sórdido maldito
a corte o condenava
um destino absoluto.
O rei encharcado em vermelho
ouvia e gargalhava
que "Narciso" encarava o espelho
quando nenhum veredicto
em seu favor contemplava
por crime contra o rito
foi colocado de joelhos
a expiação do palhaço
para ouvir o Supremo Conselho
é sumária de crimes tantos.
Foi parar num calabouço
num fétido e úmido fosso
Pra o arrependimento
do pecado que ele fez
Que sem discernimento
tirou a coroa do "santo"
causando um tremendo alvoroço
Condenaram o membro de horda
amarrada ao seu fino pescoço
o infortúnio da corda.