Arruinado
O estado me amoleceu
fez de mim
uma geleia de homem
meus longos anos de servidor
todo aquele árduo suor
não me valem de nada agora
nunca me senti tão desamparado
mas foi ótimo
era tudo que eu precisava
como uma massa disforme
eu me moldo
do meu próprio modo
esqueci o número e criei meu nome
perdi o medo da fome
aprendi que ela me reacende
peguei toda a raiva que eu tinha
que era auto-destrutiva
e a usei para construir uma vida
a minha
ainda há ruínas
mas eu já sorrio
saí de uma sinuca de bico
estou de volta na corrida
mas não estou competindo
apenas sendo honesto comigo