À PROCURA DA POESIA

Onde te ocultas deusa Poesia,

Que tens o nome na posteridade

E a poucos concedes a graça

De partilhar da tua eternidade?

Desvela-me teu rosto divino,

O teu inefável sorriso,

Fixa em mim a tua magia

Como semente que fará eclodir

Versos sagrados e profanos,

Cenas de anjos e demônios

Aguçando o meu exotismo

E desnudando o meu erotismo.

Procuro-te em altares reluzentes,

Em olhos e corpos voluptuosos;

Em mãos rudes e calosas;

Em pés cansados de caminhar;

Na visão metafórica da morte;

No silêncio maciço do deserto

Plasmado na geografia mutante

De montanhas e dunas arenosas.

Busco-te na indolência das horas,

Na sinfonia do coração,

Na complexidade do universo,

E no planger de um recém-nato.

Buscar-te é meu carma positivo

Até que libertes da clausura

Minha inspiração acorrentada

E surja no papel a poesia sonhada.

Maria Hilda de J. Alão