Submergir
Submergir
aprofundar
mergulhar
nesse ser que se arrasta
que bebe a água do poço
que funde vida em minerais
abstrai espírito de folhas
mas deixa morrer em organismo
e r o l a c o m o u m a b o l a p e l a f o l h a
pelas teclas, pelo globo ocular
escala paredes
ergue estátuas
num mar infinito
num poço sem fundo
c
a
i
e se desfaz
na água que ainda resta ali
como um ponto que se transforma
em uma vírgula
e desce pela página
permitindo a continuação
ou, se fosse Clarice,
o fim
no tal do "acreditar"
que não de cinzas se faz flores
mas que nas cinzas e nas flores há beleza
que na incomparável beleza do ser
há a mais plena e vazia existência
e na poesia a mais sincera
fonte de vida