LOBO MAU DE HÁLITO ATÔMICO

O Lobo Mau nasceu bom.

Desde sempre fora magro e franzino

O elo mais fraco de sua matilha

Ele era uma vergonha axiomática, pois

Sequer conseguia uivar para lua.

Seus vizinhos, os três porquinhos

Faziam dele a chacota da floresta.

O lobinho cresceu, mas não ficou

Muito mais forte e valente, para piorar

Desenvolveu asma crônica, fato este

Que acentuou o bullying sobre si.

Como se não bastasse o estado

Debilitado de saúde do lobo incapaz

Os nefastos porquinhos gabavam-se

Demasiadamente da sorte que tinham.

Eram cruéis. Implicavam com o pobre lobo

Por ele não conseguir uivar devido os pulmões fracos

E por ter sido abandonado ao relento da relva fria

Pelo seu bando. Enquanto eles em sua vara

Viviam em luxuosas casas sendo

Uma de palha, uma de madeira

E a outra de maciços tijolos.

O lobo cansado de tantas humilhações grunhidas

Foi até a cabana de uma bruxa longínqua

Pediu um feitiço para que pudesse

Obter o pior sopro de todos.

A bruxa compadecida da agonia do animal maltratado

Cedeu ao lobo um objeto chamado bomba atômica

Vindo de um reino distante e tirano.

Ela disse: “Como este presente que lhe dou

Tornarás-te o lobo mais poderoso deste mundo

Ninguém será capaz de deter teu hálito de morte.

Sem pensar duas vezes o lobo engoliu a bomba.

Imediatamente o objeto encantado

Deu-lhe vigor e força, pela primeira vez

Sentiu-se poderoso, estufou o peito

E uivou como nunca rasgando a noite em duas

Fazendo todos os bichos tremerem.

Nasceu naquele instante um novo lobo

Empertigado de valentia o novo ser

Foi atrás dos seus antigos opressores.

Ele bateu na primeira casa, a de palha.

Toc, toc. Nada. Bateu de novo e disse:

“Saia, saia ou vou soprar e soprar até tudo voar.

O porquinho não se atreveu a abrir a porta

Pois havia saído pelos fundos indo se esconder

Na casa do irmão ao lado.

O lobo impaciente com a espera inflou

Os pulmões poderosos. Ele soprou e soprou

Sentindo a bomba se agitar em seu estômago

Como borboletas maldi... benditas.

Seu hálito tornado, atômico varreu

A tímida casa de palha sem resistência.

E assim passou pela casa de madeira

Até chegar a sólida casa de alvenaria.

Toc, toc. Nada. Bateu de novo e disse:

“Saiam, saiam ou vou soprar e soprar até tudo voar.

Os porcos tremiam de pavor dentro da falsa fortaleza

Sem saída acabaram fugindo

Pela porta de trás rumo à floresta.

O lobo então soprou seu hálito atômico reduzindo

A casa de tijolos e metade da floresta a nada.

O lobo apagou todo o orgulho dos porquinhos marrentos

Nunca mais se teve notícias dos três por aquelas bandas.

O lobo franzino e patético ganhou a partir deste ato

A temida e reluzente alcunha de:

“O Lobo Mau de Hálito Atômico.”

Ninguém jamais ousou a zombar dele de novo.

E hoje, quando se escuta o uivo do Lobo Mau

Na noite fendida. Todos tremem de absoluto pavor.