OBITUÁRIO

Deu-se que enlouqueceu

E deu-se que era meio-dia

Deu-se que ninguém viu

Que a rua estava vazia.

Deu-lhe afrouxar a gravata

No parapeito da vida

Deu-se no oitavo andar

Se esborrachou na avenida.

Deu-lhe não ter fortuna

Deu-lhe não ter fidalguia

Deu-se que sequer fez falta

O João que pulou, meio-dia.

Dalila Langoni
Enviado por Dalila Langoni em 29/06/2007
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