VIVO E DESNUDO * Tu

Não sei que existe em ti que me embriaga

e o tempo não corrói nem adultera...

Talvez a eternidade duma fraga,

perfume de perene primavera...

Os anos passam sobre nós, correndo,

até que chegue a barca de Caronte...

E és sempre mais um longe que desvendo,

mantendo-te infindável horizonte...

Querida, não sagrada, te contemplo,

por teres de mulher a dimensão

que não te podem dar exíguo templo

e incensos, ritos, preces, devoção...

Tu és grande de mais, mulher, e viva

p'ra seres de qualquer altar cativa!

(In "vivo e desnudo", 1986, Editorial Escritor, Lda., Lisboa)

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 28/09/2005
Reeditado em 29/07/2018
Código do texto: T54648
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