CARTILHA DO "NÃO PODER"

A Terra girou

A hora passou.

O pódim quebrou

O discurso pifou.

Ninguém quis ouvir

Só o todo porvir.

A lua apagou

O sol desbotou

O dia chorou

A água secou

A noite nublou...

O ar sufocou.

O rio morreu

O riacho fedeu

A mata queimou

O tapete rompeu

A lama ascendeu

O rejeito correu

Ao mar que gritou

Seu grito de dor.

O peixe afogou

Na lama do horror.

Toda alma gemeu.

A criança nasceu

Seu cérebro encolheu.

Não sabe contar

Não sabe escrever

Não sabe pensar

Nem sabe rezar!

Outra tenda subiu

Na rua do vil.

O indigente morreu

na vida sofrida

de morte morrida.

Ninguém socorreu.

É gente espalhada

Na beira da estrada

Destino perdido

Voltou para o nada.

O chão descendeu

O mato cresceu

O juro subiu

O dinheiro sumiu

O emprego caiu

A dor sucumbiu

O corpo cedeu

A doença o comeu!

Nem o féretro se deu!

A fome soou

Na miséria do amor.

Outro tiro ecoou

Mais um corpo tombou...

A criança o pulou.

A mãe assustada

Destino é o nada!

O filho endoidou

na droga avançada.

O discurso rompeu

Ninguém escutou

O tempo mudou.

Paris hospedou

-O povo pagou!-

Outra cena de horror:

A voz corrompeu

Toda a safadeza

Da mentira da deusa.

A renda "percapita"

A do reveillon!

Discursou sem ter tom

Na cor do batom...

Num nude forçado

Já bem desbotado.

Já não há mais o pão

O povo não pode?

-Forneço brioches!

Numa nova versão:

Um novo cardápio

Pra encher todo o prato,

E de sobremesa...

-O circo da realeza!

Não tem moradia?

-Dou-lhes a hotelaria!

Da luz de Paris...

Que está por um triz.

-Hotel cinco estrelas

a todas as damas

da triste Mariana.

O PIB caiu

Ninguém sequer viu!

Já é negativo...

Não pra todos umbigos!

E para os mosquitos

que trazem a Dengue?

-usem só repelentes

E pro Chikungunya

repelente na unha!

Pro mundo Zycado

-meu povo cuidado!

tá tudo alastrado

no triste cenário:

Todo microcefálico!

Até a bandeira

Que era vermelha

Mudou de janela

Na febre da dengue

Ficou amarela...

Sem ser primavera.

A esperança surgiu

Porque a casa caiu

O povo acordou...

A estrela ruiu

No céu do poente.

Astro só decadente.

E nada restou

Ao que não se plantou.