O CÂNCER IMAGINÁRIO
O que o outono não conseguiu ressecar,
ficou agonizando à beira do caminho.
Um lento acúmulo de frases interrompidas,
onde entre um gole e outro,
se ouve a tragédia anunciada.
"Ouçam, é o enigma furtivo"!
São as mãos postas e os segredos guardados.
Intenções escusas do mal infiltrado.
Nessa longa noite onde não se dorme,
as paredes se tornam o véu da consciência perdida.
Frases mais longas do que o que se quer natural,
espelho opaco de uma verdade sem nenhuma moral.
A doença que expôs suas chagas,
é uma interpretação dos lamentos de um palhaço.
Feiura impressa em papel ordinário,
gritando entre as presas, o ocaso do paraíso despedaçado.