Misticamante ou... Olhos de Omar Khayyam

Olho para as pegadas Dele no firmamento

e sorvo na taverna mais um gole do vinho;

A caneca, ainda cheia, alonga a contemplação;

O líquido escarlate lembra-me a materialidade, a vida, o sangue.

Estaria Ele mesmo lá fora, em algum lugar, noutros universos?

Pode um místico ter êxtase sem renunciar aos prazeres de seu corpo?

Vive na bebida a beleza do momento, o deslumbramento do amor?

Dirias, poeta, o que encontrastes do outro lado da eternidade?

Leio tuas quadras e me assombro com tua humanidade;

Mergulho nos hiatos de cada uma e reconheço-me nelas;

Não, não hedonista; nunca materialista; apenas total, integral...

Tu O vias no cotidiano e aceitavas o mistério;

Assim passaste pela existência com boemia, mas não sem angústia;

Não teria jamais teu talento, mas teus olhos me alargam o coração.

José Pinheiro Júnior
Enviado por José Pinheiro Júnior em 09/12/2015
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