A longa jornada

Pela fresta da porta

Quase aberta ou fechada

Num relance de sorte,

Vi a tua luz dispersar

Tão veloz e sublime

Que talvez fora um crime

Querer te encontrar

Um átomo nobre

De beleza insular -

Um anjo pleno

Que carrego comigo

No fundo do peito

Ou na mente talvez

Sonho ou delírio

De querer ser divino

Ou quem sabe nem ser

O eu peregrino

Que é bom e do bem

Mas que luta inconstante

Com o velho de mim

Que parece infeliz

E que nunca tem fim.

Sou o outro novo

Que construo a cada dia

Na história clara

Da minha alforria.