Voo de uma alma inquieta


Agiganta-te em meu peito, oh, sonho,
Voa célere por todos os confins do universo,
Não te detenhas ante o destino tristonho,
Materializa-te em pura poesia, em verso.
Voa pelo espaço-tempo, retorna a tua infância,
Recupera a inocência perdida, deixada ao canto,
Pois quem olha dentro de si só descobre ganância,
Ódio, egoísmo, orgulho, ambição e ira, no entanto.
Observa todos os sinais, permanece sempre alerta,
Não permita que nenhum deles te escape, sê atento,
Pois, na vida, a morte é a única coisa certa
Que cessará de vez com todo este sofrimento.

Voa, alma destemida, voa sem destino ou rumo,
Alça-te, alma de menino, rasga as barreiras de meu peito,
Dele extrai meu coração e anseios, meu próprio prumo,
Leva junto ao teu o que um dia te infundiu respeito.
Saque de minha face este esgar, sorriso contido
E de meus olhos esta última lágrima vertida
Voa para bem longe e leva para sempre contigo
A derradeira lembrança do que foi esta vida.
Deposite-a aos pés descalços da mulher amada,
Entoa o canto que expressa esta alma inquieta,
Em versos candentes de quando apaixonada,
Cambiando o destino do homem pelo de poeta.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 27/12/2015
Reeditado em 27/10/2016
Código do texto: T5491927
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