Minha saia de renda.

Hoje achei um pensamento perdido

Na renda da minha saia preferida.

Ele era uma sílaba, com soluço.

Tinha o sangramento de uma ferida.

Quero voar, voar em asas de anjos.

Quero alegrar a minha saia de renda

Não a quero nos meus escombros!

Andaremos juntas pelas mesmas sendas.

Guardaremos os segredos em versos,

Não desbravaremos lugares sozinhas

Em véus, em capas, cantigas e sonetos.

Renasceremos num suave pranto em rimas.

Com cuidado, pudores, canto e recato,

Abrigar-nos-emos no recôndito dos desejos.

Sem testemunhas e com um soluço de doçura,

Te pedirei para que tire a minha saia de renda.

Com carinho e ternura a colocarei em uma gaveta,

Serás feliz como eu em braços fortes e sensatos.

Sentindo em meu estômago, milhares de borboletas,

Te direi que te amo e por ti muito esperei nesses anos...