Dias comuns
Mesmice mecânica instaurada na memória
Dias e dias que perpetuam minha história
Vida rotatória, é um ciclo que conclui
As lembranças dos olhares é um quadro que dilui a vida
Em um tom degradê sem cor
O que me choca na cidade é a falta de amor
A dor é estampada em uma massa cinzenta
Passiva nociva, inconsciente desatenta
Se eu atento ela tenta, o tempo congela
Os meus passos passados são dados a capela
Os sons que os acompanhavam já não existem mais
Silenciados pelos sons dos dias sempre iguais
Os sinos distraem e homem gananciosos
Vendem idéias e homens ambiciosos
Nervosos, cercado pela repetição
Rotina dominando cada passo da nação
Ação e reação todo dia contestada
Nunca muda tudo, tudo nunca muda nada
Vida comum pintada na visão de um mc
Dos arranjos de Hendrix a um quadro de Dali
Por que daqui a vida segue sem tiner e sem amônia
Mesmice restaurada das ruas da babilônia
Guerra de inversos valores por sentimentos trocados
Repetição compulsiva dos mesmos erros passados
Antepassados sofridos em outras fases forjadas
Olhares mortos nas faces, dores nas mãos calejadas
Os pensamentos opostos como a raiz e o pinheiro
Cada segundo que passa odeio mais o dinheiro
E vejo escravos da rotina em viveres cansados
Os dias sempre comuns, mas não são bem programados
Despreparados da selva banhada por aço e sangue
Uns de gravata no asfalto outros de bota no mangue
Diariamente o sol se põe mas nem todos vem seu brilho
Em uma pátria agressiva sem piedade dos filhos
E com respeito em meio ao caos mantendo a boa conduta
Só assim então verás que um filho teu não foge a luta
Nessa disputa desigual onde os homens se atracam
Assisto quieto os humildes que em meio a massa se destacam
Televisão desligada pra melhor recreação
Manipulação abusiva camufla alienação
Sugo o saber nas leituras das criações verdadeiras
Positivismo auditivo nas canções e nos poemas
Se a rotina mata o homem no cansaço permanente
Agente inova todo dia pra que ela se ausente
[...rOg Oldim e Marcello Gugu...]