Porque?

Esperei

Por tanto tempo.

Chegas agora

Sem dizer porque.

Sorrateira, serena.

Mansa indelével.

Aninhas-te na essência,

Nas entranhas,

Nos meandros,

Nos labirintos.

E encravas em meu coração.

Porque?

Depois de tanto tempo

Chegas aos meus horizontes

Perdidos, sem pintura.

Olhos abafados no infinito

Sem fim. Sem lucidez, ofuscados.

Mãos frias, frigidas, enregeladas.

Já tateando o fim das estradas

Por onde tanto busquei você.

Porque chegas agoras

Sem dizer porque.

Se tantos estios se foram

E se já não existe tantas auroras

A viver.

Porque?