Fim de Festa

Sobre a mesa gasta

E meio enferrujada

Vestígios da noite passada

Garrafas vazias, quebradas,

Jogadas.

Copos, aqueles

Reaproveitados

De extrato de tomate,

Largados a esmo

Pelas cadeiras e no chão.

Alheio a isso

Um homem sentado,

Numa posição contorcionista,

Vaga em si mesmo.

Olhos vermelhos,

Semiabertos,

Absortos num sono/desmaio

Buscam fuga em outro lugar.

A seus pés

Uma via láctea de vomito

Ornada por uma constelação

De arroz,

Vindos de um estomago

Agora vazio

E de uma alma mais vazia ainda.

Foge assim

Dos pensamentos do dia a dia

Da família distante,

Do trabalho maçante,

Do salário miséria,

Do sexo precário,

Com putas feias e baratas.

A fuga, a cachaça,

É barata e o faz dormir bem

E esquecer que ele é

Quem é por um tempo.

O faz voltar a ser jovem,

Pronto a mil aventuras.

O faz voltar a ser forte,

Valente, enfrenta deus e o mundo.

Mas tudo com prazo de validade,

Pois na manhã seguinte

Volta a idade, a covardia.

A dor o corpo acostuma

A solidão a alma definha.

Essa trilha etílica,

Caminho tortuoso,

Escolha (?) infeliz

De viver em névoa fugaz

Realidade alterada

Que apesar de etérea

Afaga a paz da sua alma.

Filipereira
Enviado por Filipereira em 07/01/2016
Código do texto: T5503372
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