O Vigia

São olhos ocultos, escondidos.

São olhos cruéis e maléficos.

São olhos insanos,

São olhos gananciosos e vagais

que nos observam por janelas esquecidas abertas,

e pelo buraco da fechadura.

São olhos que procuram nos encontrar juntos para que possam chamar outros olhos.

Olhos que querem ver nossa queda.

Olhos que procuram nossas falhas e nossos erros para poder expor á outros maléficos olhos.

Olhos que nunca amaram outros olhos e por isso nos invejam.

Olhos que procuram nos separar.

Mas eu pergunto a tais olhos: É errado amar outros olhos? É errado querer estar juntos dos olhos brilhantes e tão amados?

Oh olhos terríveis, não vês a tua cegueira? Não enxerga a tua própria ruína?

Aos poucos está a perder a visão e ao redor de ti o mundo escurece...

Então por que não pára de nos perseguir e deixa que vivamos?

Oh olhos nefastos, deixe que nós desfrutemos da inocência dos olhos desejados.

Oh olhos perseguidores, deixe-nos livres para escolhermos os olhos que quisermos.

Deixe-nos contemplarmos, amarmos, presenciarmos, sentirmos e escolhermos outros olhos.

Antes que eles se escureçam para sempre e nunca mais vejam brilhos desejados e luzes do alvorecer.

Deixe-nos em paz.

Juliana Letícia
Enviado por Juliana Letícia em 04/07/2007
Código do texto: T551670
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.