O Vigia
São olhos ocultos, escondidos.
São olhos cruéis e maléficos.
São olhos insanos,
São olhos gananciosos e vagais
que nos observam por janelas esquecidas abertas,
e pelo buraco da fechadura.
São olhos que procuram nos encontrar juntos para que possam chamar outros olhos.
Olhos que querem ver nossa queda.
Olhos que procuram nossas falhas e nossos erros para poder expor á outros maléficos olhos.
Olhos que nunca amaram outros olhos e por isso nos invejam.
Olhos que procuram nos separar.
Mas eu pergunto a tais olhos: É errado amar outros olhos? É errado querer estar juntos dos olhos brilhantes e tão amados?
Oh olhos terríveis, não vês a tua cegueira? Não enxerga a tua própria ruína?
Aos poucos está a perder a visão e ao redor de ti o mundo escurece...
Então por que não pára de nos perseguir e deixa que vivamos?
Oh olhos nefastos, deixe que nós desfrutemos da inocência dos olhos desejados.
Oh olhos perseguidores, deixe-nos livres para escolhermos os olhos que quisermos.
Deixe-nos contemplarmos, amarmos, presenciarmos, sentirmos e escolhermos outros olhos.
Antes que eles se escureçam para sempre e nunca mais vejam brilhos desejados e luzes do alvorecer.
Deixe-nos em paz.