Gaiola de papel

a mesma rua deserta

o mesmo sino a meia-noite

as mesmas prosas

sobre uma mesma dor

de parto, tola e factual

nela a seringa

de fuga túrgida

medrosa, gaiola

de papel

teu calcanhar perambulante

a espinha dorsal na testa

Neruda na janela espera por ela

chove um enxame de você

calo a boca das palavras

e alimento-me de paixão

a língua puta de um beijo

roubado em pixels iridescentes

indecentes amassos nos armários

da casa ao lado de tua resistência

onde perambulas com o calcanhar

despojado de verdades supremas

Victor Leonardo
Enviado por Victor Leonardo em 23/01/2016
Código do texto: T5520400
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