Ressaca fervida
Garçom ponha a quinta marcha no som
Hoje estou fora do tom
E decidido a beber.
Arrume um cantinho bom
Uma mesa com cinzeiro
Aqui será meu paradeiro
Onde passarei o dia.
Não sou exemplo e nem espelho
Pois não venha me dar conselho
Deixe-me nesse canto isolado.
Traga-me um copo de Whisky bem frio
Pois dentro de mim há um vazio
E por fora somente o casco.
Já fiz besteira demais
Isso somado em poucas horas
Achando disso que tanto faz.
Vou beber hoje de novo
Até minar na sola do casco
Vendo no chão grande penhasco.
Terminei com a namorada
Numa recente noite passada
Por isso parei aqui.
Não tenho motivos para sorrir.
E se acaso tombar e cair
Finja que não me conhece.
Já não tenho a mesma postura
Admito muita tontura
Princípio de embriaguez.
Caso alguém me criticar
Quem sabe ficar comovido
Diga que sou desconhecido.
Permita que possa dormir
Não tenho intenção de denegrir
Essa imagem do seu bar.
Pois só guardo paixão no peito
Ela me deixou desse jeito
Quero beber para afogar.
Justa razão por tudo isso
Ela me jurou compromisso
E por outro foi me trocar.
Mas amanhã quando sarar
Dessa ressaca fervida
Vou me livrar de recaídas.
Francisco assis silva é poeta e militar