Fome de Cinzas

Ele ouve uma criança gritando seu nome

"Como ela poderia?" ele pensa em seguida

Em seus olhos tem morte, tem raiva, tem fome

Ele sabe, ele sente, se pudesse acabava com sua vida

Agora tudo está embaçado, o mundo turvo

No peito a angústia e o vaso com lamentações

Prestes a explodir para assim então sumir no escuro

Ele sabe que não pode mais viver com regressões

No quarto abandonado está o papel e a caneta

Um rosto rabiscado e palavras inúteis sem significado

Isso não significa nada e não importa se ele foi poeta

O amor disse adeus, não aguentou o turbilhão de sentimentos

Sentado na cadeira conta os segundos para o efeito do remédio

Sua cabeça dói, seu corpo chora, apenas não reage a nada

Ele grita por socorro mas não há onde se segurar

Ouve a criança gritando com dor o seu nome

Quem é ela? Seu sofrimento não pode aguentar

Está fraco, fecha os olhos e então se vê nu

Seu corpo sangra e o remédio não para a dor

Seu nu o chama, tenta carrega-lo para a luz

Ele fecha os olhos, e o silêncio do mundo vem lhe perturbar.

Annie Bitencourt
Enviado por Annie Bitencourt em 07/02/2016
Código do texto: T5536268
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