Há tempos não ouvia o singular do meu nome.
A voz que me chama por um fio de voz
É a voz que proclama a minha liberdade.
Não teria meu pai me dado esse nome
Se não soubesse que meus ombros
Suportariam esse peso no futuro.
Deixei meus lábios em água morna até então,
Sentindo a vida passar lentamente
E nada fazendo para mudar.
Entre os versos e a labuta
Minhas mãos assinaram passado e presente,
E eu ainda sinto cada palavra escrita
Como a maldita rima que não sei rimar,
O poema que nunca quer acabar.
E meu nome assim sacrificado
Por ter andado em tantas bocas
Que não as minhas,
Deixando as letras falando sozinhas.
Por ir e vir nos vocabulários,
Cavando espaços nos dicionários,
Julguei os que não deveria julgar,
Tornei vulgar as linhas
Em que aprendi a navegar.
Perdoem, perdoem este nome dito em vão,
Perdoe-me, meu pai, não o fiz de coração...
 
MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 10/02/2016
Código do texto: T5538814
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