Nada do que eu digo faz efeito,
As coisas que eu digo passam em branco
E se apagam como bafo na vidraça.
Meus olhos rastejam entre as pausas
Que o tempo me proporciona.
O que vejo me traz à tona
Desta vida sem retorno.
Não me sinto cansado das dores,
O efeito é aprendizado.
Ao contrário das flores,
O que é belo no homem
É a raiz.
 
Encontro minhas palavras
No dicionário do sebo.
Com a orelha amarelada,
Páginas rasgadas,
Coco de moscas na contra capa.
 
Vejo-me entre as baratas
Sobrevivendo à bomba atômica.
E o resumo da obra
Permanece inerte
Em algum lugar que não existe.
 
Mas não sou triste,
A água de um rio é triste,
Vive a correr
Para morrer no mar.
 
Os olhos da solidão são tristes,
Fazem somente olhar para o chão.
 
O desamor é triste,
E não preciso explicar por que.
 
Eu consigo até sorrir
Aos parágrafos dos pensamentos,
Coisas que levam para outros tempos.
 
Em outros tempos a vida não era melhor,
As pessoas eram melhores.
 
Mas o que eu digo
Talvez seja antigamente.
 
Ainda tenho em mente
Que minhas palavras
Um dia mudarão o mundo.
 
 
 
 
 
 
MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 25/02/2016
Código do texto: T5555306
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.