Minhoca

Minhoca submersa à terra

a ingerir terra de vidas mortas

e organismos vivos.

Penetrada à terra....

Sentindo aí a terra...

Digerindo terra...

A mesma que adubará o mundo

e a floração da primavera.

Enterrada na construção

de galerias e canais

que arejam a terra.

Minhoca surda e cega

como sempre já

no silêncio do escuro

que é preciso para dizer a terra,

para além do falar.

Um corpo inteiro de angústias

retorcidas em anéis que ligam

a extremidade que suga

à que elimina a terra.

Respirando à flor da pele

e umidecendo o lugar do plantio.