Poema mecânico III

Este será um poema não escrito

mas acidentalmente registrado:

O mecânico de trens está descarrilado

e ilhado na dor, mas tem tentado

achar de novo o trilho do infinito

e o apito do trem que nunca passa;

maria-fumaça desvanecida entre as montanhas

como narcótico em minhas neuróticas entranhas...

Eu vejo aranhas e vejo o nada

da vida inteira esfacelada pelo trem

e a mente fendida ainda se ofende

quando alguém diz saber como ela passa

e que entende o gosto amargo da fumaça

da inspiração do além - meia ilusão,

meio caminho entre a loucura e a razão,

meia passagem paga,

e a vida meio chaga em outra espera

talvez na próxima estação!

São quatro e vinte! Tudo está bem,

exceto eu – e talvez o trem!

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 02/10/2005
Código do texto: T55615