não, não conheço...

não conheço a vida,

não conheço minha própria vida

nem a dos outros,

não, não conheço...

às vezes a vida são os meus cabelos

especialmente quando se tornam rédeas

no galopar impiedoso dos amantes;

ou são os meus lábios

onde quer que busquem

o sabor de pele e de beijos

ou se atormentem, intensos,

em sorver, sequiosos, o melhor veneno;

ou são meus peitos,

meu ventre,

meu arquear suplicante

de incursões mais fortes;

ou são definitivamente os meus pêlos,

relva e orvalho,

auxiliares febris

em atropelo

à porta do santuário

Valéria Bernadete Tutti
Enviado por Valéria Bernadete Tutti em 03/03/2005
Código do texto: T5563