Ao silêncio

Não quero o silêncio culto e tácito

das bocas caladas pelo medo;

não quero ouvir os que choram

e os que lamentam em segredo...

Não quero minha voz embargada

pela pressão silenciosa

da solidão que não diz nada

e da razão que se faz muda...

Eu quero o mundo em polvorosa!

Quero a canção, quero o sorriso...

Quero gritar, se for preciso...

Não quero o silêncio assim imposto

como um tapa que arde no meu rosto!

Eu quero o silêncio sim, mas quero ainda

poder falar tudo o que sinta;

poder sentir tudo o que fale...

Eu quero decidir quando me cale!

Não quero a minha voz presa no peito

enquanto o mundo grita ao meu redor!

Eu quero decidir; é meu direito

e não lutar por ele é omissão!

Silêncio! Não consigo ouvir direito!

Há um barulho estranho no meu peito

e não parece ser meu coração!

Reinaldo Luciano

(Publicado em 1999 - Premiado em 2000 - Veiculado no Canal Brasil em 2008)

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 02/10/2005
Reeditado em 22/05/2009
Código do texto: T55635
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