MENINA OU MULHER?
Te contemplo emoldurada
à luz tênue do abajur,
indefesa, tão sozinha...
Quem será essa menina,
que se perdeu e descansa
no meu leito, pomba mansa,
arrulhando entre os lençóis?
Algumas vezes insolente
tu mostras no rosto a idade
da mulher experiente,
que se despe caprichosa
à minha frente e incendeia
minha carne, as minhas veias,
numa avidez que eu pressinto
ser urgente e imperiosa.
Quem te vê, assim, perdida,
pudica e envergonhada,
não entende possas ser
ao mesmo tempo a amante
sensual, despudorada,
que me guia noite a dentro
por esguios labirintos,
onde, seguindo o instinto,
encontro a porta da entrada.
Eu não sei se és mulher...
menina, não sei se tu és.
Mas que importa esse detalhe?
Se estamos juntos é o que importa,
se estamos juntos, é o que vale.
(Publicado em julho de 2009)
. . .
Arrulhando entre os lençóis
seja menina ou mulher
é o meu coração que móis
esfarelado esmoler...
seja menina ou mulher
é o meu coração que móis
esfarelado esmoler...