MEA-CULPA

Muito além desse efêmero chão de giz,
No sereno desejo de um sonho sem pudor,
Mergulhar fundo, um dia, contigo, eu quis,
Nas doces marés da vertente desse amor.
 
Mas, nesse mergulho, entre o impossível e o ali,
Nos labirintos de teus rios sem mananciais,
Na mudez de teus gestos de doce colibri,
O sonho morreu estanque no silêncio do cais.
 
E na solidão de ternos abraços que não terei,
Parto resoluta, sem recomeço, sem tropeço...
Na bagagem, o gosto do beijo que jamais provei.
 
No silêncio marejado das vertentes desse ocaso,
Em mea-culpa, serenamente, reconheço:
Não se pode mergulhar fundo em coração raso.
 
 
Suzana França
 04/03/2016

 

Poema composto para a Atividade Literária Quinzenal Poesia Sobre Tema
de 26/02 a 11/03/2016, na CPP. Premiado em 1º lugar.

 

 


♫ ♫ Ghost, ao som de Flauta Peruana.



Suzana França
Enviado por Suzana França em 14/03/2016
Reeditado em 26/05/2016
Código do texto: T5572913
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