Mãos que sangram

Mãos que sangram.

Rastros chagas fendas cravadas nas páginas da vida.

Chuva que cai e torna a cair lavando almas.

Vidas que brotam em cada sorrir.

Rastros no coração.

Saudades afagadas num simples gesto das mãos.

Um amor que vai ao balanço da chuva.

Um amor que permanece no parapeito da janela.

Um amor que fica a observar os passos dela.

Um amor sem limites.

Voo de beija-flor.

Olhos de condor.

Rastros chagas fendas cravadas nas páginas da vida.

No silêncio da noite a chuva entoa seu canto

Estende seu manto cobrindo quintais.

Na varanda permaneço abraçando um resto de saudade

Um pouco de vaidade perdida num canto da sala.

Uma mala velha, sopro de esperança, pedaços de pão.

Cálice de vinho quebrado, pranto derramado.

Coração irmão.

No apelo das rosas espinhos a sangrar mãos.

Enquanto a chuva cai lavando almas.

Levando almas, apagando rastros.

O silêncio é mais que um grito

Perdido em meio à escuridão!

Mãos a sangrar, farpas da solidão.

Amantino Silva 23/02/2016