Os dentes dos semideuses vorazes
Descarnam as almas dos humanos infelizes.
Guias do ouro e da fortuna,
Rebentam na pele como o mar nas pedras
Quebrando os ossos de suas vítimas.
Servidos pelas noites, malandros e meretrizes,
Desconhecem o medo e a dor da vida,
Sequer reconhecem o amor em qualquer existência.
Sobre os nobres descarregam a sua fúria
E aos pobres delegam-lhes o relento.
Vêm e vão com os ventos,
E quanto mais forte o inverno
Mais quentes e fortes.
Nenhuma reza provida, seja perdão ou remissão,
Os corações tirados dos peitos
Ficam expostos, pendurados nos postes,
O norte destino da morte
Os aguarda nas mãos de quem não se conhece
Ao chegar aonde não se sabe.
No saguão de seus castelos,
Grandes gaiolas de vidro
Guardam as almas roubadas.
As que tiveram em vida
A capacidade resoluta de amar
São criados em redomas
E citados nos concílios do outono.
Suas línguas servirão de alimento aos iniciantes.
O sabor da carne dos amantes,
Tenra carne humana
Emana o odor dos dias de paz.
Semideuses não dormem,
Permanecem entre o céu e a terra
Nas insígnias de dois partidos
Que sonham dominar o mundo.
 
MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 16/04/2016
Código do texto: T5607456
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