RABISCANDO A TELA DO INSTANTE
Faz frio
Nas pontas dos meus dedos
A inspiração me olha melancólica
Tingindo a tela do instante de si
Faz frio!
Eu digo-lhes
Peço apenas um verso tinteiro
Cheio do líquido vida
Pra que eu possa me molhar
Pintar um céu vermelho
Fazer-te um trono, eu rainha...
Estrela pulsando cá.
Meu coração anseia arte
Tem cobiça, volúpia...
Por ti essa Inquietação!
Peço mais uma paleta
Sirva-nos, nela o verso borbulhando
Já embriagado, cheio de doçura,
para que amanhã eu não precise os borrões
De a boca apagar...
Deite-se sobre a arte remetida à alma
Para que juntas, minha Imaginação e "eu"
possamos mergulhar.
Dispa-se das rezas, dos credos...
Sinta esse chão se desenhando
Pinceladas de aquarela deslizando
Contornando as curvas
Deslumbrada com a soltura da arte
Ao realizar-te!
E veras, e terás
Aos teus pés, a assinatura beijar...