NOIVADO ao MEIO.

NOIVADO ao MEIO.

Elane Tomich

Perdoe-me o mal jeito

a falta de assunto

o aperto no peito.

Se mal lhe pergunto,

chegou do correio

bilhete amassado

um retrato ao meio

sorriso forjado

farda de soldado

raso, que implora

cabelo esticado

de brilho, glostora?

Achei nos guardados

lata de biscoito,

do índio Aymoré

papéis de bombons

esfregão nos pés.

Um meio bordado

de tom sobre tons

lenço de noivado

e o amarelado

do infindo do coito.

Tudo tão cuidado

tudo incompleto

um sonho quebrado

o vinho seleto

que no corredor

derramou-se em dor

na meia de seda

joelho afastado

o fio puxado

da história que enreda

sem fim, de casados,

sem fim de finados,

enfim, fica assim.