Muda espera
Sem olhos e sem voz
vento que sopra
tomado de silêncios,
tu vives agora.
Antes brisa,
assobiando pelos vãos da janela
tu te deixaste morrer,
como pensamento soluçante
asfixiado pelos laços do coração.
E a vida escorrendo,
um estranho desdobrar,
leva o espanto dos
impulsivos desatinos.
O que te estavas velado,
hoje se mostra.
E se ainda,
teus olhos enfeitam-se
com o que o peito sente,
- como se do modo antigo vivesses
volta à janela e observa:
A poeira do beiral
é a mesma que tu deixaste
em muda espera.