Muda espera

Sem olhos e sem voz

vento que sopra

tomado de silêncios,

tu vives agora.

Antes brisa,

assobiando pelos vãos da janela

tu te deixaste morrer,

como pensamento soluçante

asfixiado pelos laços do coração.

E a vida escorrendo,

um estranho desdobrar,

leva o espanto dos

impulsivos desatinos.

O que te estavas velado,

hoje se mostra.

E se ainda,

teus olhos enfeitam-se

com o que o peito sente,

- como se do modo antigo vivesses

volta à janela e observa:

A poeira do beiral

é a mesma que tu deixaste

em muda espera.

Grace Moraes
Enviado por Grace Moraes em 01/05/2016
Código do texto: T5621791
Classificação de conteúdo: seguro