LIVROS MORREM...

Quando chegar ai,
Rompa as grades de papel,
Com cola a pincel como lacre,
E dê-me outros ares...
Permita-me respirar o que te dá vida,
E veja o mundo pelo teu olhar!
Sentindo o que te anima,
Através do que captam tuas retinas...
Deixe que as minhas lágrimas abracem as tuas,
E teus sorrisos sejam na minha boca, meus!
Anda comigo...
Quero, preciso caminhar pelos teus caminhos,
E em tua cidade mostra-me a todos, dê-me a conhecer...
E no aconchego de teu lar,
Tenha-me a teu lado...
Na sala junto aos teus,
Entre talheres ante sua mesa farta...
E faça-me um teu, eu só teu companheiro,
Na penumbra e no silêncio de seu quarto...
Guarda-me entre teus braços...
Durma entre teus abraços...
Assim, ajudarás com que eu cumpra a minha sina...
Pois se eu for largado como uma coisa,
Que o tempo desgasta e deteriora,
Serão vãs as minhas histórias,
E secarão em minhas veias a poesia!
Não serão reais as minhas fantasias!
E terei enfim encontrado a morte em vida!
Pois os livros também morrem...
Se não forem percorridas as suas linhas,
Onde nos sulcos a tinta,
Semeia novos futuros,
Mesmo que em mim leiam-se velhas histórias...

Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
09/03/2016