URBANIDADES

A tempestade caiu

Nuvens pesadas despencavam aliadas

Raios em cascatas rasgavam o céu

Véu de artérias perigosas, luminosas

Anunciando a sonata acintosa dos trovões

Rojões de Deuses bravos, geniósos eremitas

Sadomasoquistas solando todo tempo por aí.

A casa onde eles estavam

Fustigada pelo vento

Assoviava por janelas estridentes

Balé regente na dança das cortinas

Esfuziantes lépidas bailarinas

Coreografadas pelo tenso momento.

A luz de velas

Sombras projetadas eclodiam em festa

Talvez rindo das tecnologias modernas

Que os havia deixado inconsoláveis na mão.

Comentaram então

Sobre a simplicidade

Acuidade breve percebida

No atrito incandescente do fósforo

Casamento tácito do fogo, pavio, parafina.

Nas vidraças

Filas estéticas

De estáticas moscas moribundas

Oriundas de um curto ciclo cumprido.

De repente pingos

Conflitos vindos do teto

Os deixavam completamente perplexos.

Rapidamente

Como num passe de mágica

Vários baldes, panelas, bacias

Até um esquecido surrado penico

Mandala no chão a olhos vistos

Utensílios criativos assoberbados

Non sense de um ambiente regente

Titanic temeroso de terrível naufrágio.

O barulho ensurdercia

As portas, forçadas pela ventania

Tremiam sob provável colapso

Velhas telhas rangiam

Quase que resmungando

Pela possibilidade extrema

De saírem de cena, voando.

Com as sobrancelhas prensadas

Os olhares duros, arregalados

Maxilares presos quase cerrados

Grunhiam todos, desorientados sem parar.

A situação está ficando feia

Provavelmente perdida

Até o telhado já está de partida

Anos abrigo contínuos de cobertura

Mais logo agora? Filho da puta!

Coro fajuta das vozes aflitas

Antigas rixas com um "universo inamistoso"

Bojo dos mil olhares nas constelações perdidas

Fantasias agressivas de almas podres encharcadas

Corriqueiras palhaçadas das vidas severas amarguradas

Íntimos feridos, infelizes persuadidos por suposta coação.

Incrível papelão

Desses urbanóides alcalóides

Impacientemente ajoelhando

Automaticamente empoleirando

As frágeis linhas dos abismos

Criando diabos jamais vistos

Por suas rupturas com a nossa única estrela.

Em seus currículos de destrezas

O desdém pelas vias barrentas

Sérias ofensas dos dias chuvosos

Hoje duro cimento e asfalto

Logo, estradas kamikazes

Levando loucos para as cidades

Infestando por submissa acomodação

Projetados falos maquiados de concreto

Como se fossem soberana impoluta casta

De poderosos espermatozóides epiléticos

Piromaníacos ecléticos altamente destrutivos

Vagabundos girinos ejaculados por sutilezas

Futuros perigosos turnos de sociopatas do planeta.

Alexandre Halfeld
Enviado por Alexandre Halfeld em 13/07/2007
Reeditado em 15/07/2007
Código do texto: T563585
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