INSÔNIA

Puxa-se a coberta da noite

e em seus ombros ela pesa

e não aquece.

Olhos irônicos piscam no negrume espinhoso.

E, quando cada cão late,

vem da infância o som do medo de estar abandonado

nos braços de um deus ameaçador.

No medo dos medos

soa a música apocalíptica,

brilhando metálica nos vazios profundos

do sem-fim.

Um desses sons que dizem

o segredo que nenhum deus,

impresso nas mãos da natureza,

contou-lhe.

Então você reza e se encolhe

boiando à deriva

no líquido amniótico

que preenche o nada.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 15/05/2016
Reeditado em 10/09/2018
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