Nosotros

Provo do amargo

destas horas sombrias.

De muitas maneiras

vi além do tempo.

Cativos em pranto.

O vulto é sempre alheio,

a fome é sempre nossa.

O medo assola, soprando

o frio invernal sobre corpos nus,

despojados dos ares de esperança.

A voz que ouço

[estremecido soluço

é aflita,

soando como ridícula bravata

sobre a podridão de incontáveis desmandos.

Mas a sentença caminha em fúria,

cristalizando a sorte de tantos quantos

transformam em suplício a caminhada.

E eu vejo

[todo mundo verá

a borda imaterial do mundo

adornar-se da madrugada lúcida,

segredando uma aurora de tempo próprio,

para o humano Verbo.

Grace Moraes
Enviado por Grace Moraes em 05/06/2016
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