Nosotros
Provo do amargo
destas horas sombrias.
De muitas maneiras
vi além do tempo.
Cativos em pranto.
O vulto é sempre alheio,
a fome é sempre nossa.
O medo assola, soprando
o frio invernal sobre corpos nus,
despojados dos ares de esperança.
A voz que ouço
[estremecido soluço
é aflita,
soando como ridícula bravata
sobre a podridão de incontáveis desmandos.
Mas a sentença caminha em fúria,
cristalizando a sorte de tantos quantos
transformam em suplício a caminhada.
E eu vejo
[todo mundo verá
a borda imaterial do mundo
adornar-se da madrugada lúcida,
segredando uma aurora de tempo próprio,
para o humano Verbo.