A Era da Poesia

A lança sagrada das palavras cortou os ares,

- Sem volta!

E uma bruxa sublime curvou-se aos meus pés

Deixando nos céus seus rastros de inspiração.

Com medo me refugiei em páginas oníricas;

Sem dó se lia se ria se doía se...

Era o princípio da Era das sensações poéticas.

A lança sagrada das palavras sangrou minh’ alma.

- E a calma!

Perfurando a nudez da minha escuridão

Até então perturbada pelo brilho do falsete ensaio.

Envolto no fardo da rotina sem mais o silêncio mordaz

Contrariei a rixa dos deuses com palavras em riste

E invoquei ante a demasia da mansa teimosia

A minha primeira rima em rebeldia.

Revi poetas enlouquecidos nos convés

- Em fuga!

E no lastro desta louca tempestuosa tentação

Versejei acorrentado sem mais clemência.

Ouvindo-me sem dó me lia me ria me doía me...

Levanto-me com suas asas, levito..

Revejo do alto o princípio do precipício

Que me fez sucumbir como aprendiz de poeta...

E após a Era das sensações poéticas

Contrariando a letargia da inquietação humana

Revolver-se-á ainda minha poesia

Sob o céu

Sob a cova

Sobre os ossos...!