Visão Noturna

Nos braços das horas

desmaia o dia

O sol fecha as asas

Reza o terço da agonia

A noite tange a hipérbole tristeza

A alma violácea chora ao relento

A mão teima em tecer

sonhos impossíveis

A vida aborta a dor

Da madrugada nua

brotam óvulos fecundados

de pólens de amor

As retinas cegas sorriem

Emocionadas choram

Excitadas imploram

o beijo grávido de euforia

O coração brinca de semear

o embrião da alegria

Para não morrer afogado

na pávida agonia!

Recife -20/03/2005

Zena Maciel
Enviado por Zena Maciel em 04/10/2005
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