Tinta preta!E despedida.

Aquilo me despertava

Trocava a noite pelo dia

Ás vezes eu me irritava

Com a inspiração que me movia

E em plena a solidão

Que me alcançava

Escrever era o que me distraia.

E quando estava de saco cheio

Eu resolvia sair pelas ruas

E notava que minha vida não era tão vazia.

Então eu cantava, eu falava, eu sorria

Até que eu percebia que não estava sozinho

E aquelas pessoas me olhavam assustadas.

Nossa!O coração disparava

O corpo tremia e a mão congelava

Olha eu confesso:

-Mais um pouco e eu fazia ali nas calças.

Mas daí eu pensava:

-Eles já sabem que eu sou louco.

E então eu me acalmava

Acostumar me acomodava

Mas também me conduzia.

(Pausa e um gole d'água).

Eu mudei tô diferente

Mais maduro, menos louco

E o melhor de tudo

Nada mudou entre a gente.

Será que sentirão minha falta?

Sabe, quando eu não estiver mais aqui.

(Pausa e um choro incontrolável).

É que de repente eu me esqueci

Que eu conhecia tanta gente

Eu me lembrava delas

Mas apenas quando os via.

Aquilo tudo foi embora e esqueceu de me levar

Acho que eu vou descansar

(Pausa:-O senhor volta a que horas?).

Não, você não entendeu

Dessa vez não vou voltar.

(De cabeça baixa, eu chorei enquanto ele escrevia

usando a tinta da minha caneta,me lembro até a cor da tinta.

Tinta preta!).

{Eis aqui minhas últimas palavras nesta folha de papel almaço

e que essa mensagem se possível percorra o universo}

(Era o que diziam os seus últimos versos).

<Mas afinal, qual era a mensagem?>

(A mensagem não importa."Já não há mais poesia").

Almeida Silva
Enviado por Almeida Silva em 10/06/2016
Reeditado em 11/06/2016
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