poema ruim I

|Leva-se uns bons doze anos

A descobrir quem se é

Pelo menos mais uns oito

Tentado se auto-afirmar

Uns tantos outros

Tentando ser alguém na sociedade

Pra vir alguém

Assinar uns papeis

E dizer

Você é meu

Não

Isso não está certo

Jogar pro alto

Toda a psicanálise

Os livros de auto-ajuda

Os líderes espirituais

Os Rolling Stones

Anos de exercícios físicos

Poemas de gaveta

As coleções de pornografia

Os prazares solitários

!Tudo em nome

De sei lá o qué!

Dizem que de deus

Outros da moral

?Quem são os outros?

?Quem esteve presente

À minha primeira desiluão?

?Quem guardou

Meus dentes de leite?

?Quem me acalmou

Quando dei um escândalo

Para não cortar os cabelos?

E querem se apossar de mim

Sem pejo

Querem me desfrutar

Meu corpo não pertence a ninguém

É como relíquia sagrada

Todos a tocam

Mas ninguém a possui

O manusear

Não lhe desgasta a essência

A relíquia é sempre pura

Secreta

E mais uma vez

Não

Não me tragam papéis

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Pertenço apenas a mim mesmo|