VILLANCETE II

Quem muito vos quer senhora

De dor poetiza o pranto

Pois vós o rebaixais tanto.

Na tarde sombrinha à mão

Às compras ditosas vão

Escrava, e senhora nobre

A rir do poeta pobre,

Que em dor poetiza o pranto

Pois vós o rebaixais tanto.

Pensou o poeta em vão:

- Se reino tivesse à mão...

Decerto, sorrindo a nobre,

Veria em meus olhos cobre,

Mas rindo o poema tanto

A nobre zombar garanto.