A FABULOSA LENDA-HISTÓRIA DE UMA MULHER DE OLHOS VERDES, CIUMENTOS, COM UM VERDOR DE OLHAR TAL QUAL O DAS COBRAS-VERDES QUE HABITAM AS CACHOEIRAS; UMA MULHER VINDA DO REINO DE KETU...

A FABULOSA LENDA-HISTÓRIA DE UMA MULHER DE OLHOS VERDES, CIUMENTOS, COM UM VERDOR DE OLHAR TAL QUAL O DAS COBRAS-VERDES QUE HABITAM AS CACHOEIRAS; UMA MULHER VINDA DO REINO DE KETU, DE ONDE, SUBMERSA, ATRAVESSOU UM OCEANO INTEIRO RECEOSA DAS PEMBAS ROGADAS PELOS SEUS ANTIGOS COMPANHEIROS; UMA MULHER QUE, FINALMENTE, ENCONTROU AS ÁGUAS MANSAS E DOCES DO PARQUE DE SÃO BARTOLOMEU.

nos zóios da cobra-verde,

há um verdor tão verde quanto o do teu olhar ciumento

[mar vindo]

chegado das terras

de onde toda Nossa Senhora das Candeias é uma Oxum de Ijexá

sacerdotisa,

de costados roçados na baía de São Salvador,

[Oxalá]

avistas um São Senhor do Bonfim

a comer acaçá com inhame

na colina sagrada,

onde a Irmã Dulce fez um abrigo por sob os grandes arcos

para os sem-fé-de-nada,

apadrinhada por Oxossi do Ketu

com teus logunedés ainda nem iniciados,

[bem ou malcriados]

fascinada

pelas noites de aconchego e pelas noites de parto

dos dias de raro temporal

em que luziste

[da Ponta da Penha ao Jardim de Alá]

amadrinhada por Iansã,

de olhar de lua cega ou de olhar de lua à vista,

ao lado dum abaeté

que deu irmãos cafuzos a teus logunedés

ah, mulher do afoxé,

de olhar esverdeado tal e qual o olhar da cobra-verde

[ciumenta]

que vive nas águas mansas e doces

do parque de São Bartolomeu:

deita no colo deste Ogum

para sermos lenda.

Eríeiê ô!