As pétalas da rosa negra


Aos poucos que a viram, quiçá por um dia,
Não lhes foi permitido divisar a beleza infinda,
Principalmente a contida no imo de seu cerne,
Rubro, cor de sangue, a contrastar com o ainda
Aveludado das pétalas negras, a exalar poesia...

A esses poucos não foi igualmente propiciado
O etéreo êxtase de sorverem seu suave olor,
Voarem pelo infinito como em contos de Verne,
Inebriados nas dobras de suas pétalas de amor,
Sentindo-se, a cada instante, por ela tragados.

Encontrada no gelado cume de íngreme montanha,
Acessível, felizmente, somente a alguns poucos,
A rosa negra desabrocha em noites de lua cheia,
Convidando tantos meros mortais, alguns loucos,
Para que a tentem colher e ufanarem tal façanha.

Suas pétalas contém poderes místicos e mágicos,
Ao combinadas com seu cerne, sugado o extrato,
Os fará donos dos anseios das virgens da aldeia,
Sendo por elas eternamente eleito como o amado,
O que os leva rumo a seus fins, por vezes trágicos.

Lancei-me, como muitos, em busca dessa empreitada,
Intentando encontrar, enfim, o amor infinito e eterno,
E provei dessa poção mágica, escapando pelas ameias,
Ao descobrir que bem mais vale o amor sempre terno
De uma que de tantas, desde seja o da mulher amada.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 29/06/2016
Reeditado em 05/07/2016
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