ABLUÇÕES MATINAIS

colhe-se turva, as mãos em concha,

a outrora pura, água de tua pia branca e curva.

queimam-me os olhos, desfaz-se a tenaz sutura,

sucumbe a nau imaginária sobre invisíveis escolhos.

mistura-se ralo, diluído em merlot,

o meu outrora romântico sangue, exausto e malo.

rodopiando sorumbático e terrivelmente atlântico,

leva consigo qualquer esperança de sofrimento sabático.

parte-se o espelho, apaga-se a luz azulada,

filtra a cortina os raios tépidos de um sol vermelho,

mas não combate o dentifrício meu hálito de benzina

meus dentes de barracuda nem meus lábios de alicate.