LAVADEIRA

Na beira do rio,

a lavadeira esfrega os panos,

sob o sol da manhã.

Nos panos estão escritos

os versos do poeta morto.

Os panos estão sujos.

Estão abertos os rios.

A água que lava e sacia

também mata.

O poeta afogado, triste lembrança.

A lavadeira sabe que o mundo

é um lugar de ingratidão.

São poucas as moedas

que cairão em suas mãos.

Mas os sonhos do poeta

estão lá

na palma branca de frio.

Viviane Rolando
Enviado por Viviane Rolando em 18/07/2007
Código do texto: T570080