LAVADEIRA
Na beira do rio,
a lavadeira esfrega os panos,
sob o sol da manhã.
Nos panos estão escritos
os versos do poeta morto.
Os panos estão sujos.
Estão abertos os rios.
A água que lava e sacia
também mata.
O poeta afogado, triste lembrança.
A lavadeira sabe que o mundo
é um lugar de ingratidão.
São poucas as moedas
que cairão em suas mãos.
Mas os sonhos do poeta
estão lá
na palma branca de frio.