Temporalidade
Temporalidade
Vai o tempo, corre descompassado
Valha Cronos e empoeire o solo
Decomponha os restos de minh'alma
Ovacione tua grandeza ante o homem
Regozije a fragilidade humana
Que dá criação divina expira a vida
Aplauda cada sopro que se esvai
Pois o tempo em ti é atemporal
Tal como meu espírito tido imortal
Em minha obra deixada ao eterno
No versejar que rasura o véu de tua pele
Oh! Cronos, tu falhaste, como falhaste
Mesmo detendo o tempo e a atemporalidade
Vaias em vão a minha singela criação
Não tão sublime como o espírito
Nem tão bela quanto os versos eternos de Deus
Ristes sobre as lágrimas invejosas
Que mesmo perecíveis neste lastro mortal
Seremos eternos nos corações daqueles que nos sucederão
Oh! Cronos, que lástima a tua que praguejara ao imutável
Que presenciaste a sublime criação que abominara
E que rancoroso ainda ulula a vã fragilidade humana
Sem se dar conta que teu ego que és frágil
Oh! Cronos, tu permanecerá a praguejar
A eternidade humana em sua grandeza
E há de o tempo lhe mostrar
O quanto somos iguais
Eduardo Benetti