Meu tempo
Rasuras que trago no rosto
E algumas rugas que ganhei
Desse sol do mês de agosto
Quando na lavoura eu trabalhei.
Olho minhas mãos calejadas
Relevo entre as linhas da mão
Bate uma saudade danada
Do meu pedaço de chão.
Meu chapéu de palha trançada
Que me defendia de raios solar
O lima que mordia a enxada
Para um melhor capinar.
Meu pito na velha sacola
Sustento de antigo vício
Na marmita carne moída em bola
Para matar a fome sem sacrifício.
Pra merendar trazia bolo
A bebida agua de cabaça
Depois corto parte do fumo de rolo
E jogo no ar a fumaça.
Por muito tempo eu resisti
Mas chegou a hora de aposentar
Na verdade o que ganho não trata um guri
Dá vergonha até em falar.
Resta a botina que tanto usei
Vive no armário abandonada
Também as sementes das quais plantei
Foi que criei a família amada.
Francisco assis silva é poeta e militar
Email: assislike1@hotmail.com