Boca

Desce o decote e o suor vivo do teu peito

A ânsia amarga que cobre a língua do meu leito

Mechas vivas meneantes cambaleiam

Braços fortes como farinha esperneiam.

Boca, vil e doce.

Diz palavras da inatingível distância

De mãos dadas subimos sete degraus

Descemos rolando três

E paramos no parapeito do apartamento.

Bateu a porta

Entrei pela direita

Jogou-me suas bonecas de diversas facetas

Rodávamos felizes, palavras, caretas.

E a sua boca.

Entreabertas linhas curvilíneas

Baba escorre nas beiras

As carnes quentes laterais

Líquido aos conteúdos viscerais.

Boca.

Dela que dá origem à vida

E daí então até à morte

Ter-te comigo é plena sorte

Mechas vermelhas insanas.

Rodelas pratas carinhosas.

Cachos negros agressivos.

Réguas louras abusivas.

Da boca

O grito

O amor.

Isabelle La Fleur
Enviado por Isabelle La Fleur em 19/07/2007
Reeditado em 22/09/2007
Código do texto: T571443
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